Desde a chegada dos
colonizadores ao Brasil, tudo o que a natureza oferecia no que se refere a
recursos naturais tais como: água, matas, bioma entre outros, era visto como uma
fonte de recursos sem fim, as florestas por exemplo, eram definidas como “obstáculos”
que impediam o avanço e o desenvolvimento, sendo que esta visão
incorreta permanece acesa até hoje em algumas regiões do nosso país, o que de
certa forma se deve ao fato de vivermos em uma sociedade capitalista, onde na
maioria das vezes pensa-se muito em lucros e acaba-se esquecendo de que a fonte
dos lucros pode secar.
Getúlio Vargas no
ano de 1934, preocupado com a degradação permanente dos recursos naturais,
criou o Código Florestal, sendo que o mesmo já passou por várias alterações
desde a sua implantação e a ultima delas ocorreu em 2009 e tem gerado muitas
polemicas a cerca das alterações ali estabelecidas, de modo que as últimas
mudanças realizadas no Código Florestal afetam de modo significativo os
recursos hídricos.
Segundo Tundisi, J.G. &
Matsumura-Tundisi, T.M:
Florestas ripárias, mosaicos de vegetação e áreas alagadas tem papel
fundamental na proteção dos recursos hídricos mantendo a qualidade da água em
excelentes condições para abastecimento e recarregado aquífero repondo,
portanto, volumes substanciais de água para o componente subterrâneo. A remoção
de floresta ripárias e áreas alagadas tem um efeito extremamente negativo
degradando a qualidade das águas superficiais e subterrâneas, acelerando a
sedimentação de lagoas, represas e rios, e diminuindo o estoque de água nas
nascentes e aquíferos. Todos os serviços ambientais dos ecossistemas aquáticos
ficam comprometidos com o desmatamento e remoção de áreas naturalmente
alagadas, portanto a preservação destas áreas é essencial para regular tanto o
ciclo hidrológico como os ciclos biogeoquímicos.
O ciclo hidrológico depende
principalmente da reciclagem da água através da evaporação dos oceanos, da
precipitação, da infiltração da água nos aquíferos e das reservas de água
(lagos, rios, represa). A evapotranspiração da vegetação é o componente
fundamental do ciclo hidrológico porque repõem para a atmosfera água de forma
gasosa que é resultado do papel ativo da vegetação neste ciclo.
Devemos nos perguntar então, o porquê da
reformulação no Código Florestal? Acredito que o que está por traz de todas
estas mudanças são os interesses econômicos no que diz respeito, por exemplo, a
redução das APPs (Área de Preservação Permanente) de 30 para 15 metros de faixa marginal,
fica evidente de que não há uma preocupação com o numero de deslizamentos e
inundações, bem como com o bem estar da população, e sim com os ganhos de
espaço que se terá com a redução de áreas protegidas.
O
cumprimento do Código Florestal é essencial, não há mais espaço para falsas
promessas e propostas, é necessário que se entre em um consenso, um ponto de
harmonia entre homem e natureza, uma vez que é impossível a existência de um
sem o outro, se o homem continuar extraindo, e a natureza sofrendo como ocorre
no atual sistema, chegara um ponto que a natureza sozinha não vai mais vencer
produzir para o homem destruir, se é que esse ponto já não chegou.
Referencias:
José
Galizia Tundisi & Takako Matsumura Tundisi
Impactos potenciais das
alterações do Código Florestal nos recursos hídricos
Sistema Nacional
de Gerenciamento de Recursos Hídricos Disponível em: http://ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/s.n.g.r.h./sistema_nacional_de_gerenciamento_de_recursos_hidricos.html Acesso em 16 Nov. 2012.
Código
Florestal WWF Disponível em:
wwfbr.panda.org/cartilha_codigoflorestal_200112011.pdf Acesso em: 19 Nov. 2012.
Postado por:
Jacson Dreyer Schumacher
Tua postagem está interessante, mas me parece que ainda falta um pouco de reflexão sobre o assunto. Veja bem, você diz: "se o homem continuar extraindo, e a natureza sofrendo como ocorre no atual sistema". Vamos combinar que a natureza não "sofre", ela se degrada pela mudança da dinâmica de matéria e energia derivada dos processos de ocupação. Quem sofre de verdade, são alguns homens (os mais pobres), que recebem de forma direta o impacto destas mudanças na dinâmica ambiental, especialmente pela perda de serviços ambientais. Mas para compreendermos isso, é fundamental não tratarmos o dito "homem" como uma categoria genérica. Por trás deste conceito esvaziado de sentido, há uma sociedade muito heterogênea, com graus extremamente variados de responsabilidade sobre o processo de conservação/degradação. As tuas referências ainda não estão citadas de forma adequada. Observe a regra!
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