A agricultura moderna e a revolução verde
Para Carson (1962), a história da vida na Terra tem sido
uma história de interação entre os seres vivos e seu ambiente e que apenas no
período representado por um século presente, o ser humano (e apenas esta
espécie) adquiriu poder significativo para alterar a natureza do seu mundo.
Foi, portanto, durante o último século, que se passou a
realizar mudanças na natureza de maneira mais intensa. Após a 2ª Guerra
Mundial, passa a ocorrer a chamada Revolução Verde, época em que as grandes
indústrias de armamento buscaram alternativas para manter os grandes lucros
obtidos no período de conflito.
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Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br |
A bióloga Raquel Carson, já nos alertou em seu conhecido
livro “Primavera silenciosa” (que foi proibido de circulação na época) dizendo
que de 1940 a 1962, mais de duzentos produtos químicos básicos foram tinham
sido criados para serem usados na matança de insetos, ervas daninhas, roedores
e outros organismos descritos no linguajar moderno como “pestes”, e eles são
vendidos sob milhares de nomes diferentes. A mesma autora nos questiona: Será que
alguém acredita que é possível lançar tal bombardeio de venenos na superfície
da terra sem torná-la imprópria para toda vida?
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Fonte: http://www.agroecologia.pro.br |
No Brasil essa questão não é diferente, os agrotóxicos e
maquinários da agricultura moderna produzidos desde o início da revolução verde
foram introduzidos no Brasil de maneira muito fácil. Se observarmos um pouco da
história do Brasil, podemos perceber que quase tudo que produzimos vem de
modelos importados, trazidos e copiados por “descobridores” ou colonizadores
deste país. Isto, somado à muitos outros fatores e interesses, resultou em uma
agricultura moderna altamente poluente, socialmente excludente e inviável do
ponto de vista energético. Temos assim uma agricultura insustentável. Segundo
Lima et al. (2006), a agricultura convencional tem uma filosofia de vida que
pode ser sintetizada em duas perspectivas; a primeira que a técnica resolve
tudo e produz em qualquer circunstância; a segunda é que se produz para o
mercado. Nunca na nossa história se pensou num desenvolvimento a partir de
produtos regionais, nativos ou mais adaptados ao nosso clima de acordo com cada
região e de acordo com as demanda da sociedade. Temos uma flora nativa
altamente biodiversa e nutritiva que é ignorada por nosso sistema de produção,
que sempre determinou seu extermínio para implantação de outros sistemas de
cultivos. Como resultado, temos uma erosão da diversidade na nossa alimentação
e uma sociedade cada vez mais doente. Somente a integração com as condições
naturais, considerando as questões sociais, permitirá algum dia uma produção
estável, ecologicamente sadia, economicamente rentável e permanente.
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Fonte: http://www.upf.br/nexjor/?p=13641 |
Em busca à alternativas nesse modo de produção e buscando
maneiras de produzir alimentos mais ecológicas e sustentáveis, os produtores de
assentamentos de Nova Santa Rita e Eldorado do Sul, na região metropolitana do
Rio grande do Sul, hoje produzem apenas alimentos orgânicos que são vendidos em
feiras de Porto Alegre. Segue link que trata dessa questão: http://www.youtube.com/watch?v=iieB_jhhaC0.
Publicado por: Camila Traesel Schreiner
Referências:
CARSON,
R. Primavera Silenciosa. Editora
Gaia Ltda. SP, 2010.
LIMA,
J. R. T.; et al. Extensão Rural,
desafios de novos tempos: agroecologia e sustentabilidade. Edições Bagaço.
Recife, 2006.
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